Assim que Hitler ascendeu ao poder, em 1933, um campo de concentração destinado a prisioneiros políticos foi erguido. O lugar escolhido foi Dachau, uma antiga fábrica de munição bélica nos arredores de Munique, a cidade berço do Nazismo. Durante os 12 anos de seu funcionamento como prisão e campo de execução, Dachau serviu como modelo para a criação de todos os subsequentes campos de concentração construídos ao longo da Segunda Guerra Mundial, definindo o tom de terror e desespero que regeria a administração nacional-socialista.
Quase 80 anos depois, a dedicação dos sobreviventes conseguiu fazer de Dachau um lugar de aprendizado e comemoração, destinado a celebrar a vitória sobre aqueles que cometeram as atrocidades da época. Ainda assim, é preciso entender que Dachau não deve ser visto como uma atração turística, mas sim, um memorial. A visita deve ser feita com consciência e deve ser acompanhada de um estômago forte.
Estima-se que cerca de 200 mil pessoas foram encarceradas neste lugar, e 32 mil tiveram suas mortes documentadas. No começo, o campo tinha a finalidade de apenas abrigar presos políticos, mas sua função evoluiu para incluir trabalho forçado de judeus, comunistas, sindicalistas e social-democratas. Eventualmente, o campo viria a confinar também homossexuais, testemunhas de Jeová e indivíduos roma. As instalações funcionavam ainda como centro de treinamento de oficiais da SS, a força policial nazista.

Uma enorme porção do terreno era reservada para os barracões, onde os prisioneiros dormiam e usavam os banheiros. Hoje, com as instalações destruídas, foram plantadas árvores para simbolizar as construções antes existentes ali. Foto: Pixabay.
A visita consiste em andar pelo terreno e observar as instalações. O começo é marcado pela vista do infame portão com os dizeres Arbeit macht frei, que pode ser traduzido como “o trabalho liberta”. Além do trabalho forçado, inúmeros crimes contra a humanidade foram cometidos aqui, desde tortura e experimentação médica em seres humanos a execuções e mortes por inanição.
As áreas visitadas incluem uma réplica dos dormitórios (os originais foram derrubados), os barracões – onde ficavam os dormitórios originais e os banheiros –, o crematório e a câmara de gás, que no caso deste campo de concentração, não chegou a ser usada. Há memoriais, um museu informando a história do campo e o contexto sociopolítico do país e um filme contando sobre a liberação do campo. Algumas das exibições, incluindo o filme, são proibidas para crianças. Aliás, a recomendação é que apenas crianças acima dos 12 anos visitem o lugar.
Uma visita completa, em que você vê tudo o que há em Dachau, leva no mínimo quatro horas, dado o tamanho do local. No entanto, sugerimos considerar uma hora a mais, para se dar a liberdade de sentir e processar as informações, devido à grande carga emocional das coisas que verá.

O cruel inverno alemão castigava ainda mais os prisioneiros dos campos de concentração, que não tinham acesso a condições adequadas de moradia e vestimenta para enfrentar o frio. Foto: Pixabay.
O centro de visitantes disponibiliza tours guiados pelas instalações pelo valor de € 3,50, com duas horas e meia de duração. As versões em inglês acontecem às 11h e 13h, e a versão em alemão, às 12h, ambas diariamente. Há também os dispositivos de áudio para tours autoguiados, disponíveis também em português, por € 4.
A entrada em Dachau é gratuita, e o campo abre todos os dias das 9h às 17h. Para chegar, é preciso pegar o trem (S-Bahn) da linha S2 em direção a Dachau/Petershausen e descer na estação de Dachau; depois pegue o ônibus 726 em direção a Saubachsiedlung, e desça na parada KZ-Gedenkstätte (parada do Memorial do Campo de Concentração).