A Ponta da Sapata é uma das pontas meridionais da ilha principal, voltada para o sul/sudoeste, na extremidade oposta à área do Porto. A região é totalmente desabitada e está localizada dentro do Parque Marinho. Para chegar aqui e contemplar as belezas naturais, os turistas devem se aventurar a enfrentar a trilha mais exigente de Fernando de Noronha, a Trilha Capim-Açu.

A Capim-Açu é a trilha mais comprida da ilha, com cerca de oito quilômetros de extensão e entre seis a oito horas de duração. Ela tem trechos em terra batida e caminhos pedregosos e escorregadios, portanto recomenda-se que seja feita por pessoas com bom preparo físico. É obrigatório contratar o acompanhamento de um guia para fazer essa trilha, e é necessário realizar o agendamento prévio no Centro de Visitantes (são apenas 40 vagas por dia). Recomenda-se levar no percurso pelo menos três litros de água, lanches leves e muita proteção contra o sol. Um calçado fechado é essencial, e tênis antiderrapantes são os mais indicados.

 

Trajeto da Trilha Capim-Açu

 

A trilha é um dos percursos mais cênicos da ilha e com certeza o mais selvagem de todos. Noronha tem muito território reflorestado, mas na Capim-Açu você terá contato com trechos de mata nativa nunca derrubada. Os andarilhos avistam áreas de descanso de aves, visitam miradouros como o Mirante da Ponta da Sapata-Portão e chegam a pontos inacessíveis por outros meios, com destaque para a piscina natural da caverna Capim-Açu, que se forma em meio a formações rochosas na boca de uma caverna açoitada pelo mar. 

Há duas possibilidades de percurso, ambas com início a partir do PIC Sancho, no Mar de Dentro. Na primeira opção, a trilha leva até o Farol da Sapata, passa pelos mirantes e pela caverna Capim-Açu, contornando a porção sul da ilha em um trajeto em formato de U e então rumando de volta em direção norte para terminar na Praia do Leão, no Mar de Fora. A segunda opção é seguir a trilha até o Farol da Sapata, e dali voltar pelo mesmo caminho de volta ao ponto de partida, no PIC Sancho. A parte mais desafiadora da trilha — os trechos feitos sobre costões rochosos e caminhos de pedras pontiagudas, tudo isso sem cobertura contra o sol — fica de fora nessa segunda alternativa, mas também não há visita à caverna e a alguns mirantes.

 

Passeio de barco na Ponta da Sapata

 

Portal da Sapata

O Portal da Sapata só pode ser visto a partir de um barco. Foto: Acervo ATDEFN.

 

Uma outra opção para visitar a Ponta da Sapata é contratar um passeio de barco. Há um buraco na pedra que lembra o mapa do Brasil quando visto por um certo ângulo (ou o da África, se você não estiver se sentindo particularmente patriota no dia). Essa fenda ficou conhecida por “portão” e dá o nome à praia onde se localiza, a Enseada do Portão. O ângulo correto para visualizar o “mapa” só pode ser alcançado a bordo de um navio. Os barcos que saem do Porto Santo Antônio chegam aqui em um intervalo de vinte minutos.

A Ponta da Sapata é ainda a localidade do naufrágio mais bem conservado do Brasil, a Corveta Ipiranga, e portanto um dos pontos preferidos dos mergulhadores de cilindro. O ponto de início para fazer o mergulho aqui também é o Porto, e você pode ler mais sobre essa experiência em nossa seção sobre ele.