A partir de doações dos antropólogos Darcy Ribeiro, Berta Ribeiro e Eduardo Galvão, o Memorial dos Povos Indígenas surgiu, efetivamente, em 1995 para valorizar e divulgar a riqueza cultural desses povos. Máscaras utilizadas em rituais e instrumentos musicais do Alto Xingu e Amazonas, arte plumária dos Urubus-Kaapor e coroa de garras de onça, utilizada pelos caciques e lutadores dos povos Bororós, são alguns dos 380 itens encontrados no museu, os quais retratam cerca de 30 etnias indígenas.
Em um espaço aberto e bem arborizado, reserve cerca de duas a três horas para conhecer este museu, que possui entrada franca. Muitas exposições acontecem em volta do pátio circular, mas também há uma arena onde representantes de tribos indígenas se reúnem para apresentações de dança, rituais e lutas.
COMO SUA HISTÓRIA COMEÇOU?
Oscar Niemeyer foi o responsável pelo projeto arquitetônico do Memorial dos Povos Indígenas e achou propício que o local se assemelhasse a uma aldeia dos índios Yanomami, os quais vivem na região norte do Amazonas. A construção circular tem 70 metros de diâmetro com grandes salas com vista para um grande pátio interior.
Após o término de sua construção, em 1987, o prédio agradou muito o público tanto por sua beleza quanto por sua localização, que José Aparecido de Oliveira, governador do Distrito Federal, afirmou ser muito bonito para ser o Museu do Índio, mudando, então, a finalidade do local para Museu de Arte Moderna de Brasília. Muitos artistas e intelectuais, além da comunidade indígena, ficaram descontentes com a situação e realizaram inúmeros protestos pacíficos para que o local fosse aberto ao público com a sua proposta inicial.
Os líderes indígenas Sapaim Kamaiurá e Prepori Cayabi se reuniram em frente ao prédio e realizaram um ritual de proteção ao museu para invocar o espírito Mamaé Catatuité, o qual protegeria o espaço até ele voltar a sua função original. Acredita-se que esta foi a razão pelas fortes chuvas que aconteceram na inauguração do Museu de Arte Moderna, aprovada pelo presidente Fernando Collor em 1990, o que culminou na destruição de algumas peças do artista venezuelano Armando Reverón.
Com a destruição das obras de Reverón, causadas por grandes goteiras, o prédio foi desativado e cobiçado por muitos. Collor ao lado do secretário-geral da Presidência da República, Oto Agripino Maia, tinham a proposta do espaço abrigar o Museu da Arte Contemporânea do Brasil, mas o plano não saiu nem do papel. Em seguida, foi a vez dos líderes parlamentares sonharem em transformar o prédio na sede da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Por fim, em 1994, surgiu o Museu de Brasília, o qual homenageia a memória candanga, mas, não demorou muito para fechar as portas – foram apenas três meses de funcionamento.
FINALMENTE O MUSEU FOI INAUGURADO COM A SUA FUNÇÃO ORIGINAL
Em 1995, o prédio construído por Niemeyer passou a ser administrado pela esfera distrital, o que, finalmente, possibilitou a sua reinauguração com a finalidade original. Após alguns meses do processo de revitalização, o pajé Sapaim e Cayabi foram convidados para retirar o espírito de Mamaé Catuité após seis anos de proteção. A inauguração aconteceu naquele mesmo ano, durante a comemoração do Dia do Índio.
No entanto, o Memorial permaneceu em desuso por mais quatro anos. A exceção aconteceu em 1997, quando o corpo do indígena Galdino Jesus dos Santos, da comunidade Pataxó Hã-hã-hãe, foi velado no espaço, após ser brutalmente assassinado por um grupo de jovens brasilienses no dia 20 de abril daquele ano. Demorou alguns anos, mas a inauguração efetiva do Memorial aconteceu apenas em abril de 1999, quando 55 índios do Alto do Xingu, liderados pelo chefe Aritana Yawalapiti, realizaram um ritual de reabertura.
Em 9 de agosto de 2007, Marcos Terena, soldado Wahêrê-xané, foi nomeado como o primeiro diretor de origem indígena a assumir a gestão do Memorial. O fato foi ainda mais importante e simbólico, pois é comemorado o Dia Internacional dos Povos Indígenas. No mesmo ano, o espaço foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em comemoração do centenário de Oscar Niemeyer.
COMO ESTÃO AS VISITAÇÕES DURANTE A PANDEMIA?
Desde outubro de 2020, o Memorial dos Povos Indígenas está aberto ao público. Seguindo os protocolos básicos de segurança contra a Covid-19, o museu pode abrigar até 20 pessoas – será formada uma fila de espera, caso o número de visitantes seja maior. Por ora, o funcionamento acontece durante o final de semana das 09h às 15h. Caso você faça parte de grupo de risco, saiba que é possível solicitar um horário especial de visita