A pouco menos de uma hora de carro de Maceió, a cidade de Marechal Deodoro tem um centro histórico repleto de casinhas coloridas e edifícios do século XVIII. É patrimônio histórico tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), e cidade natal do proclamador da república brasileira e nosso primeiro presidente, Marechal Manuel Deodoro da Fonseca.

Como se não bastasse o peso cultural e histórico da cidade, ela ainda é lar da Praia do Francês, famosa do litoral sul alagoano por sua beleza natural e ótima infraestrutura turística. E para completar o combo, a cidadezinha de Massagueira, pólo gastronômico de Alagoas, fica ali ao lado, só esperando para preencher o estômago de viajantes esfomeados após um dia de sol e caminhada.

 

PRAIA DO FRANCÊS

 

A imagem mostra a Praia do Francês dividida em dois lados: à esquerda, uma barreira de corais mantém o mar sem ondas, e uma multidão se aglomera na areia da praia; à direita, as ondas se arrebentam na areia, que permanece vazia.

A Praia do Francês se divide entre um lado de águas calminhas, preferido pelos banhistas, e outro de ondas agitadas, onde a areia fica vazia. Foto: Sedetur/Kaio Fragoso.

 

A praia costuma lotar de pessoas ocupando as mesas e espreguiçadeiras dispostas na areia, em especial do lado esquerdo; ali, o mar é tranquilo e sem ondas, formando uma piscina natural graças à barreira de corais da região. Operadoras locais oferecem atividades como stand-up paddle, banana boat ou passeio de barco com fundo de vidro para visitar os corais, e até mergulho com cilindro acompanhado de instrutor. 

Quem quer fugir um pouco da multidão ou está a fim de pegar boas ondas escolhe se acomodar no lado direito da praia. Lá, as ondas são intensas o suficiente para fazer bom uso da prancha de surfe, e já serviu como sede de campeonatos do esporte no passado. Por ter um mar mais agitado, esse canto da praia não é tão procurado pelos banhistas.

É importante ficar de olho no movimento das marés: quando o nível de água sobe, a piscina natural some e o espaço na areia diminui, espremendo os turistas que se bronzeiam. É nesse momento que você pode voltar à terra firme e aproveitar para conhecer a faceta histórica de Marechal Deodoro.

 

CENTRO HISTÓRICO MARECHAL DEODORO

 

Centro histórico de Marechal Deodoro, com o conjunto franciscano da Igreja de Santa Maria Madalena ao fundo. Foto: Sedetur/Kaio Fragoso.

 

O centrinho de Marechal Deodoro é tomado por ladeiras e ruelas encantadoras, pelas quais você pode passear enquanto procura os prédios mais memoráveis da cidade. A Casa do Marechal Deodoro da Fonseca, por exemplo, é um casarão construído à maneira século XVII, remobiliado e decorado para retratar aqueles tempos de transição do regime imperial para o republicano. Como o nome indica, aqui morou o Marechal Deodoro, até que, ao assumir a presidência, o alagoano deixou sua terra natal e decidiu fazer sua morada no Rio de Janeiro. 

Visite o conjunto franciscano da Igreja de Santa Maria Madalena e Convento de São Francisco, erguidos juntos, no século XVII. Hoje, os edifícios conservam a suntuosidade da construção e ganham destaque entre as casinhas simples do entorno. No altar, uma raridade advinda da escola jansenista: há uma imagem de Cristo crucificado, figura que só aparece uma outra vez nas igrejas brasileiras, na Bahia. O convento abriga ainda o Museu da Arte Sacra em um lindo edifício barroco, talvez o mais importante do estado, e conta com um acervo de mais de 200 peças de valor artístico e histórico, entre elas pinturas, esculturas, jóias e outros artigos.

A Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição é outro prédio com séculos de idade: ela aparece em registros documentais desde o começo do século XVII. A igreja está bem conservada e passou por uma recente restauração em 2020, que contou com a implantação de recursos de acessibilidade.

 

MASSAGUEIRA: GASTRONOMIA ALAGOANA

 

Da cidade é possível aproveitar a culinária enquanto admiramos a lagoa Manguaba e o riacho Breião. Foto: Sedetur/Kaio Fragoso.

 

Para quem gosta de provar a cultura com o paladar, temos uma dica doce: dentro do município de Marechal Deodoro, encontra-se a cidadezinha de Massagueira, lar das tradicionais cocadeiras, mulheres dedicadas à produção artesanal das cocadas multicoloridas que são atração turística de Alagoas. A cidade fica a apenas cinco quilômetros da Praia do Francês.

Seus doces são tão procurados que a prefeitura de Massagueira construiu um espaço de 30 quiosques destinados à instalação das cocadeiras, o Cocada Cultura (que, durante a pandemia, funciona no formato de drive thru para tentar combater as perdas causadas pela crise do turismo). Quanto aos sabores, pode esperar fartura: há cocadas tradicionais, brancas, de morango e de chocolate, com banana, jaca, maracujá ou goiaba, resultados de receitas passadas de geração a geração.

Se açúcar não é sua praia, não tem problema. Massagueira é um pólo da gastronomia de frutos do mar, e concentra restaurantes simples mas de respeito, situados no entorno da lagoa Manguaba. Nos pratos, não faltarão iguarias marinhas como ostras, camarões, maçunim, casquinha de siri, sururu e agulhinha, acompanhados por molho de coco, manteiga de garrafa ou outras guarnições regionais. 

O Bar do Pato é popular entre locais, viajantes e até famosos; ao comentar sobre seus visitantes, o site do restaurante cita nomes como Maurício de Souza, Caio Blat, Galvão Bueno e Zezé di Camargo e Luciano. O cardápio do Bar do Pato inclui pratos como camarãozada e fritada de filé de siri — e ps: eles realmente vendem pato! No Restaurante Aratu, a pegada é mais sofisticada, e o ambiente traz aconchego e riqueza de detalhes na decoração rústica. O menu é assinado pelo chef Paulo Quintella, que aproveita ingredientes locais para criar, entre outros, cuscuz de puba, tortilha de macaxeira com camarões e hambúrguer de siri (não, infelizmente não é o do Bob Esponja, mas é uma delícia!).

 

ONDE FICAR NA PRAIA DO FRANCÊS