Por Carolina Varella

Em meio ao árido cerrado do Goiás, existe uma microrregião banhada por mais de mil cachoeiras. Onde as águas das bacias dos rios Paraná e Maranhão se dividem. E embaixo deste lugar, há cristais de quartzo de todos os tamanhos — estes conhecidos por sua habilidade de filtrar a energia dos passos dados por cada um que cruza essas terras.

Se existe um portal para o ‘mundo invisível’, ele provavelmente fica aqui, na Chapada dos Veadeiros, perto dos mistérios cravados nas suas paisagens impressionantes, datadas de milhões de anos.

Contudo, essa estabilidade natural está sendo desfeita pelo agronegócio que, insistentemente, ameaça esse bioma — que, aliás,  só tem 0,85% de áreas oficialmente protegidas. Mas é também importante ressaltar que as raízes do problema do cerrado são bem mais profundas, permeiam também o turismo em massa, a mineração e o aumento da população. {Matéria completa sobre a Chapada dos Veadeiros}

Estamos falando da savana mais rica do mundo, formada por um complexo cristalino com rochas variadas, algumas das mais raras do mundo. É habitada pela maior comunidade de remanescentes de quilombolas de Goiás, os Kalungas, e por uma quantidade incrível de espécies endêmicas.

 

Jardim Maytea na Chapada dos Veadeiros, Goiás

UM DIA NA CHAPADA DOS VEADEIROS

Um dia aqui se resume a acordar cedo, tomar um café reforçado, fazer trilhas até as cachoeiras e só voltar quando o Sol se pôr. E de volta ao seu lugarejo, São Jorge ou Alto Paraíso, sair para aproveitar o centrinho.

Até existem outros municípios na Chapada — Cavalcante, Campos Belos, Colinas do Sul, Monte Alegre de Goiás, Nova Roma, São João D’Aliança e Teresina de Goiás -, mas nada se compara ao município de Alto Paraíso, a capital da Chapada, e São Jorge, região que faz parte do município e está a 30 minutos de Alto. Por isso, as pessoas, normalmente, se hospedam por aqui, — a menos que queiram visitar cachoeiras mais próximas a Cavalcante, que fica a 1h30 de carro de Alto Paraíso.

Aliás! Além das cachoeiras, o município de Cavalcante tem forte presença Kalunga — descendentes dos escravos fugidos e libertos das minas de do ouro — e está passando por um processo de estruturação; Assim, logo poderá dividir o palco com Alto Paraíso e São Jorge. 

DIAS ENSOLARADOS E NOITES ILUMINADAS

São Jorge e Alto Paraíso trazem movimento e vida para o árido cerrado, revelando seus dois mundos: o do dia e o da noite. Porque com o clima fresco que vem depois do Sol, a vontade é de passeando pelos vilarejos. O charme das noites iluminadas pelo varal de luzes dos restaurantes, o barulho das conversas nos bares e dos pés ‘forrozeantes’ são um convite!

Há pouco tempo, a Chapada toda era bem mais remota: menos opções de tudo e, claro, menores preços e menos acesso. Em dez anos, o turismo na Chapada cresceu em 223%. Ainda sim, mesmo com a intensa evolução do turismo, o brilho da noite ainda reflete lindamente por aqui.

O vilarejo de Alto Paraíso é considerado ‘a capital da Chapada’. Sendo o maior e o mais estruturado entre os municípios, ele também conta com o maior número de estabelecimentos e é o mais movimentado. Contudo, ainda que seja relativamente maior, tudo aqui pode ser acedido a pé pelas suas ruas de asfalto. 

Uma curiosidade sobre esse lugar, é que araras, frequentemente, sobrevoam nossa cabeça. E é aqui que também acontece, toda terça e sábado, a Feira do Produtor Rural — uma troca maravilhosa entre as culturas do cerrado e os viajantes curiosos.  

Já em São Jorge a rua é de terra batida. O cenário alaranjado é iluminado graciosamente pela noite, o clima é mais íntimo e os (relativamente) poucos restaurantes são muito bons. A marca registrada da cidade é o Encontro de Culturas, evento anual que acontece por aqui para celebrar a cultura, onde originários tradicionais do Brasil realizam atividades e trocam experiências. Além disso, o Parque Nacional fica por aqui também.

{Sabia onde se hospedar na Chapada dos Veadeiros}