Por Carolina Varella

Para esta reportagem, selecionamos quatro destinos que proporcionam experiências que agradam a diferentes tipos de viajantes, ainda que todas mantenham a sofisticação alpina. Interlaken, a capital da aventura; Zermatt, mais distante – parte do seu charme; St. Moritz, mais glamuroso; Saas-Fee para as famílias! E para além dessas definições, na hora de escolher o seu destino alpino -e tudo que o envolve-, há alguns outros aspectos a serem considerados.

 

DICAS GERAIS

Apesar dos Alpes Suíços serem um destino de esqui muito comum no mundo, poucas estações tem pistas verdes, ou seja, pistas para quem está realmente começando. Mas não se preocupe, por via de regra, todos os vilarejos oferecem aulas de esqui, aos interessados!

Outra questão importante diz respeito ao número de dias necessários para conhecer a região. Ainda que a sugestão da Travel seja por uma estadia de pelo menos 3 noites, pode ser que a visita caiba em um bate volta e isso te agrade ainda mais. Se este for o caso, não deixe de usar o Fast Baggage para guardar as malas – é um serviço proporcionado pelas ferrovias suíças em que você despacha sua mala às 9h e as retira de novo depois das 18h onde estiver. 

Aliás, as ferrovias são por si só uma experiência. A Suíça tem 5.000 quilômetros de linhas ferroviárias que com suas largas janelas tornam a jornada bem especial, algumas delas inclusive consideradas Patrimônio Mundial pela Unesco. Além dos trens serem um meio de transporte mais sustentável, por ser coletivo e movido a energia elétrica. 

O fator sustentável é sempre relevante, e no caso da Suíça a questão é ainda mais urgente. Por efeito do aquecimento global o esqui na Suíça está com os anos contados, até 2050 mais precisamente. Por isso, seja um turista consciente e ande de trem o máximo que puder! Essa escolha fica ainda mais fácil com o Swiss Pass, bilhete múltiplo de transporte feito exclusivamente para turistas que, apesar de ser um compra cara, ela te dá acesso gratuito a toda a rede de transportes públicos, além de oferecer descontos ou gratuidade para um grande número de atrações, como acesso a montanhas famosas,  mais de 500 museus etc etc. 

Saiba mais sobre o Swiss Pass por meio do site oficial  da Suíça. Este site é muito completo e didático, e dispõe de informações sobre outros tópicos importantes para a viagem e efetuar venda de ingresso. 

INTERLAKEN 

Esqui na região de Jungfrau. Foto: Reprodução/ Mattia Frederiksson

 

Entre lagos. Este é o significado da palavra alemã que dá nome ao complexo turístico mais turístico dos Alpes suíços, ao mais aventuroso e também ao mais alto. Além, claro, do elemento ‘beleza idílica’, até porque, quanto maior a altitude mais turquesas são os lagos e que, neste caso, se apresentam no encanto dos lagos Thun e Brienz, conectados pelo rio Aare, que atravessa a cidade, e cingidos por exímias montanhas – entre elas, Harder Kulm localizada 1.321 metros acima do nível do mar.  

Não à toa a região de Interlaken é considerada referência turística: a sua evolução enquanto tal teve início já em 1800, com a ajuda de artistas como Franz Niklaus König que divulgavam retratos do lugar para toda a Suíça, atraindo viajantes e, alguns anos mais tarde, em 1859, com a inauguração do elegante casino Kursaal. E, o então convento agostiniano, católico e anglicano, datado do século XII, foi se expandindo e dando lugar à ‘capital da aventura’ – ainda que seu centro mantenha construções da época. Uma combinação bem interessante!

 

ENTRE OS PEQUENOS VILAREJOS, O MAIOR E MAIS COMPLETO

Aliás, o que não falta para quem vai até Interlaken é a ocasional combinação de programas muito diferentes entre si e que compartilham o detalhe delicioso de que todos podem ser acedidos à pé (Interlaken é bem pequeno, são apenas 15 mil habitantes, mesmo sendo um dos maiores em comparação a outros vilarejos de esqui) além de, quase sempre, os programas estarem envoltos por uma sinergia jovem.

Dos pubs e cassinos aos passeios culturais e radicais, ao quase inevitável passeio-compras nos 700 metros na avenida principal Höheweg, onde se pode encontrar as principais grifes. Tudo isso a ser dividido com o motivo principal da viagem, o esqui.

O que enriquece a diversidade dos programas é o segundo aspecto mais influente na decisão dos que vão até Interlaken: a cidade é base para muitos vilarejos. Interlaken é o centro da região de Berner Oberland e dá onde partem trilhos rumo a região de Jungfraujoch e seus vilarejos, emoldurados pelas montanhas de Eiger, Monch e Jungfrau e que, juntos, conectam mais de 200 quilômetros de pistas de esqui, para todos os níveis, entre muitas outras atividades. 

Alugue seu equipamento no centro de Interlaken , de acordo com seus planos – para um, dois, três dias-  compre o Ski Pass para circular pela região de Jungfraujoch, e se pretende ir até outubro não deixe de comprar o Jungfrau Corona Pass para aproveitar todas as atividades à vontade por um preço muito especial. Confira todas as informações no site oficial da região de Jungfrau.

Os vilarejos que constituem a região de Jungfraujoch são Grindelwald, Lauterbrunnen, Welden, Kleine Scheidegg, Mürren e Haslital. O maior resort de esqui na região é gratuito e fica a cargo da montanha First, acessível a partir de  Grindelwald,  cidadezinha também famosa pelo agito noturno, por sua tirolesa que vai até o vilarejo de Kleine Scheidegg, e pelo First Cliff Walk: uma passarela suspensa no penhasco com belíssimas vistas paras as montanhas ao redor.  A propósito, muitos viajantes se hospedam no próprio vilarejo de Grindelwald. 

 Lauterbrunnen, um dos cartões postais da Suíça, com uma paisagem quase inacreditável, a ponto de ter sido cenário para O  Senhor dos Anéis,  além das pistas de esqui e mais de 70 cachoeiras.  (e, caso você esteja de carro, onde você estaciona para acessar o vilarejo de Wengen). Wengen, por sua vez, é um clichê suíço, com suas casinhas de madeira, hotéis Belle Époque, silenciosa ausência de carros, pista de esqui, na rota  para o vilarejo de Kleine Scheidegg, mais ao topo. Para a família, Kleine é o vilarejo ideal, porque possui uma estação de esqui com pistas de nível mais fácil. E deste vilarejo, caminhando entre montanhas de gelo, você chegará ao topo da Europa! 

 

O TOPO DA EUROPA E TUDO QUE O SUSTENTA

O topo da Europa, acima das nuvens e de vastidão imensurável: suba no trem saindo de Interlaken Ost com destino a Jungfraujoch, a estação mais alta da Europa, a 3.454 metros de altitude – vista para os topos da Jungfrau e da Mönch e do glaciar de Aletsch.

O trajeto tem baldeações em  Lauterbrunnen, Grindelwald e Kleine Scheidegg e as paisagens se transformam ao longo da subida, o que inclui um túnel de 7,5 quilômetros. Ao final do percurso, é possível pegar um elevador e acessar a estação Sphinx, que funciona como um observatório e ponto de partida para trilhas. 

O vilarejo de  Mürren, assim como o de Lauterbrunnen, também inspira arte! O restaurante rotativo futurista, com vista panorâmica, localizado na Schilthorn (pista de esqui de Murren), atraiu a produção do filme James Bond! Esta antiga colônia Walser oferece também atividades como tobogã e uma rede de trilhas para caminhada.  E por último, e mais longe, fica o Haslital, onde há uma variedade de restaurantes e  parque de esqui nórdico Audi (sem calcanhar da bota fixado no ski).  

Além de outros passeios na montanha de Jungfrau como a o Palácio de Gelo, 20 metros abaixo da neve, e o primeiro museu do mundo dedicado à história do turismo, , e passeios na própria região de Interlaken: dos mais radicais, como paraquedismo e asa-delta e mais culturais, aos passeios que podem ser chamados de “rotas alternativas”, feitos com transportes alternativos que te proporcionam ângulos únicos da cidade: passeios de bicicleta, por trilhas,  como pelas margens do rio Aare, com direito a visitação do castelo de Burgruine Weissenau, ou os aclamados passeios de barco, mesmo no inverno. 

Esse último te permite conhecer também castelos, museus, montanha piramidal Niesen, a Stockhorn e a Niederhorn e outros vilarejos, como o de Thun, o ‘vilarejo dos contos de fada’ e dono das calçadas elevadas, e o de Spiez, além do charme, famoso pelo seu castelo e os bunkers da 2º Guerra Mundial.  As bicicletas podem ser alugadas no site, para meio dia até quantos dias quiser, a partir de US$ 30, e os passeios de barco, seja para o lago Thun ou Brienz, podem ser de um dia inteiro ou um pouco mais de duas horas, mais curto. Com SwissPass o acesso é gratuito.

A região de Interlaken, sinônimo de versatilidade, naturalmente oferece muitas opções para ‘comer e beber’, contudo, há alternativas especiais para aqueles que querem aproveitar uma experiência mais completa, digamos, de um restaurante com vista, interativo, como é o caso do Grand Café Restaurante Schuh. Com certeza, você irá querer provar dos chocolates suíços, mas o Grand Café te dá a oportunidade de se tornar um ‘chocolatier por um dia’, veja mais informações no site. Reserve seu lugar e calcule US$ 18 para o programa – sendo que US$ 9 viram créditos  para compras no restaurante! Vale dizer que o restaurante está localizado no parque, na avenida principal, e serve pratos tailandeses acompanhados de uma vista maravilhosa.  

E a respeito da sua estadia em Interlaken, recomendamos que se acomode em um dos quartos do ilustríssimo hotel do século 19, Victoria Jungfrau Grand Hotel & Spa, associado ao Leadings Hotels of the World! E para chegar até lá, você deverá ir, preferencialmente, de trem pela Golden Pass Line que, em um trajeto de cerca de três  horas com apenas algumas baldeações, te transporta de Genebra até Interlaken. São apenas oito horários por dia e  nossa sugestão é: se programe com antecedência e pegue o vagão Classic, para uma jornada mais refinada! Afinal, viagens de trem pela Suíça são sempre um passeio.  Aliás, Interlaken pode caber num bate e volta – o que só não é possível pela rota panorâmica por causa do tempo! 

 

 ZERMATT 

Vilarejo intimista de Zermatt e o plano de fundo da famosa montanha Matterhorn. Foto: Reprodução/ Abigail Griffith

 

O badalar dos sinos ecoam neste vilarejo que não divide espaço com o barulho dos carros – um lugar mais distante, mais intimista e ao sopé da silhueta mais famosa da Suíça e da sua neve eterna, a montanha de Matterhorn. O simbolismo de seus 4.500 metros de rocha e gelo atravessam o tempo e o espaço para entregar ao mundo suas histórias: da sua base, de onde desde 1865 muitos alpinistas se arriscam em busca do topo (alguns sem conseguir voltar para casa), e em 1908 quando sua importância foi legitimada pela figura do chocolate Toblerone e usada também pelo fabricante de lápis de cores Caran d’Ache.

 

MEMÓRIA DO TURISMO ALPINO EM ZERMATT

Zermatt foi introduzida ao mundo turístico após uma equipe de alpinistas tentar escalar Matterhorn pela primeira vez, e isso levar a morte de quase todos, com exceção dos guias. Com essa história difundida, a montanha se tornou um ‘chamado’ aos alpinistas ao redor do mundo para alçarem seu cume hostil e assim, com o apoio de ingleses, o vilarejo foi se tornando o que é hoje.

Atualmente, atrás da igreja católica localizada no centro,  em homenagem à memória aos alpinistas que não sobrevivem, existe um cemitério. São 500 alpinistas homenageados naquele pedaço de terra, uma pequena parcela dos 3.000 alpinistas que tentam escalar o Matterhorn todo ano desde meados de 1800. Além desse tributo, há também o museu Matterhorn Museum que conta a história dos alpinistas e dos moradores da época.

Sobre os moradores, a região tem uma grande colônia alemã, mas desde a chegada dos imigrantes portugueses nos anos 1980, a cidade ganhou um novo idioma (além dos quatro já falados oficialmente na Suíça): o português. O que antes era caracterizado como trabalho temporário virou definitivo, e os portugueses puderam trazer suas famílias. Contudo, por conta do alto valor dos aluguéis, vivem normalmente em Tasch, vilarejo a cinco quilômetros de Zermatt. 

Por isso, são grandes as chances de você ser  atendido em Zermatt em português.  E isso pode acontecer até mesmo em um dos rios restaurantes gastronômicos (que devem ser incluídos no seu roteiro).  Tem o duplamente estrelado After Seven,  capitaneado pelos chefs Ivo Adam e Florian Neubauer; Capri, localizado no Mont Cervin Hotel, um dos Leading Hotels of the World, no centro de Zermatt – algo a se considerar, pois ainda que o vilarejo seja relativamente pequeno, quanto mais se afasta do centro, mais desnivelado fica o chão e isso torna o acesso com malas mais difícil. Aliás, este hotel é do mesmo dono do centenário hotel Victoria Jungfrau, mencionado na parte sobre Interlaken.

Neste hotel, desfrute do SPA de serviço completo com vários ambientes de sauna. Mesmo que não esteja hospedado no hotel, recomendamos que pague um voucher diário para aproveitar a piscina e a sauna. Mas, atenção, fique avisado de que as saunas na suíça, assim como em grande parte da Europa, além de serem unissex contam com uma possível nudez de seus frequentadores!  E ainda falando em hospedagem, uma outra opção são os icônicos iglus, ideais para pernoitar em casal, com a família ou amigos: confira mais informações no site.  

 

OS CAMINHOS SÃO CURTOS, MAS HÁ MUITAS OPÇÕES

Independente da onde se hospede em Zermatt, você sempre estará relativamente perto das principais atrações. dos pubs e baladas – sim, ainda que com toda a sua sofisticação, Zermatt tem uma vida noturna agitada e excelentes opções para ‘depois do esqui’ ou, simplesmente, para um dia de folga do esqui.

Em todo caso, muita coisa acontece nos vilarejos próximos a Zermatt,  como o tobogã de Rotenboden, snowshoeing, trenós, trilhas de vários níveis de dificuldade – como a de Randa (vilarejo próximo) atravessando maior ponte suspensa do mundo ou caminhar 15 minutos saindo do centro de Zermatt, para contemplar uma formação natural de Gornerschlucht.

Algumas das atrações principais envolvem também trens e bondinhos como o “Crystal Ride“, quatro bondinhos com pedras de Swarovski para ver com a maior transparência possível a paisagem durante a subida até a estação mais alta da Europa, ou o bondinho (comum) com destino a Gornergrat, para ver 29 dos 48 picos que existem na Suíça e de onde é possível pegar um trenzinho vermelho pensado para toda a família.  Ou ainda o passeio de trem até Sunnegga e Rothorn para fazer a trilha dos cinco lagos em dez quilômetros; E, para além dos programas na natureza, também há opções de programas mais culturais como o museu, antes mencionado, a biblioteca no centro histórico que, por sua vez, tem prédios de mais de 500 anos, mini shows de alphorn (instrumentos de sopro tradicional alpino), entre muitas outros programas que rolam por lá. 

E por último, mas não menos importante, o esqui! Nove  das dez  montanhas mais altas da Europa ficam em Zermatt, o que significa que se pode esperar por pistas de qualidade, até porque muitas delas tem face norte com neve powder (neve fresca, sem marca nenhuma). São 59 pistas, sendo 21% para iniciantes, 61% intermediário e 18% expert, divididas em Sunegga-Rothorn (+ suaves), Schwarzsee- Matterhorn (+ médios) e Gornergart-Stockhorn (+ experts).

 As pistas da Suíça estão conectadas com a área de esqui de Cervinia na Itália, sendo o lado suíço o mais difícil. De qualquer forma, há alternativa para os pequenos e até mesmo aulas para as crianças a partir dos quatro anos de idade. Agora, preste atenção: por conta das altas altitudes, o esqui na região de  Zermatt é possível o ano todo, sim, até mesmo no verão! Pegue seu Ski Pass da temporada e tenha acesso a todos os bondinhos e ao lado italiano das pistas e, reservando com antecedência você garante desconto! Os valores atualizados você encontra no site; Aliás, nesse site oficial você consegue comprar o ingresso para quase todos os passeios. E sobre os equipamentos, alugue-os em algumas das lojas espalhadas por Zermatt. 

 

COMO CHEGAR NESTE VILAREJO ISOLADO

Vá de trem! Apesar da infraestrutura e da maestria dos trens suíços, pegar carro pode ser uma experiência muito interessante da qual muitos cogitam, mas, nesse caso, é furada! Principalmente, se você for ficar mais de três  dias (o que recomendamos fortemente). Como Zermatt não aceita carros, a locomoção é feita com um tipo de “tuque-tuque” ou carruagens; e só. O transporte que te coloca dentro de Zermatt é um trem que parte de Tasch, a 5km de Zermatt e, caso você vá de carro, terá que pagar estacionamento. A respeito dos trens, partem no total 15 trens por dia e o ticket está no valor de US$ 4,3. 

Pesquise nesse site os horários e compre as passagens. E para chegar até Zermatt, você pegará a linha Glacier Express, a mais desejada e, não à toa, considerada Patrimônio Nacional da UNESCO. Aproveite a viagem desde a partida, com os seus janelões e vistas incríveis da Suíça. 

 Zermatt é um vilarejo distante, de difícil acesso, mas, ainda sim, pode ser considerado para um bate volta (a não ser que você esteja a mais de 2h30 de distância e aí é caso para se pensar) mas, principalmente considerado, como uma opção de pitstop. Se optar pelo bate-volta lembre-se de usar o sistema de Fast Baggage (mencionado no texto intro). De qualquer forma, recomendamos que, no mínimo, pernoite por lá, porque vale muito a pena, e mais fortemente que passe 3 noites. 

 

 

ST MORITZ

Vilarejo da ilustre St. Moritz. Foto: Reprodução/ Sepp Rutz

 

Exuberância, celebridades e esportes radicais. Antes mesmo do turismo de inverno existir, vigorava um turismo de verão ensejado pelas águas termais minerais –  águas de cura e energização que surgem da lama dos pântanos alpinos desde a Idade do Bronze, ou seja, há mais de 3000 mil anos –  e que tornou a região um dos mais populares destinos de peregrinação da Europa. Já o turismo de inverno começou de uma maneira bem peculiar, há 150 anos, com uma aposta: Johannes Badrutt disse aos seus hóspedes ingleses que, mesmo no inverno, poderiam aproveitar o seu terraço com jaquetas mais leves e, no fim, ele se mostrou certo! Afinal, o Sol brilha mais tempo na chiquérrima St. Moritz — literalmente — uma média de 322 dias por ano, a razão pela qual o símbolo da região é o Sol. 

Como uma centelha, em 1864 a informação sobre o Sol-quase-eterno verberou o princípio do turismo alpino. A partir desta data, começou a prática de vários esportes de inverno como patinação, esqui nórdico, corridas de cavalo sobre lagos congelados, críquete, curling etc. E, por tal motivo, St Moritz foi palco duas vezes dos Jogos Olímpicos de inverno, primeira vez em 1928 e depois em 1948, além de quatro Campeonatos Mundiais de Esqui Alpino e os anuais Polo World Cup on Snow e International Horse Races. E ainda, para além dos esportes, o Gourmet Festival, em que a estação de esqui vira um point de chefs estrelados, o St. Moritz Art Masters, de arte contemporânea, Festival de Jazz, entre outros. 

Como St Moritz fica no Vale de Engadina, confina com as comunas Bever, Celerina/Schlarigna, Samedan, Silvaplana. É uma região com 13 cidades e 4 lagos e, além das atividades anteriormente mencionadas, a região atualmente também oferece 190 quilômetros de tobogã, 150 quilômetros de trilhas voltadas para caminhadas de inverno, trenó, mirantes entre outras, mas o foco mesmo fica para seus 350 quilômetros de pistas de esqui com neve pulverizada e que, às vezes, resiste até o final de abril. Essas pistas estão divididas entre as estações Corvatsch, Diavolezza e Corviglia, onde está a descida mais íngreme da Suíça. 

E para quem está interessado em ir em família ou não sabe esquiar muito bem, não há pistas verdes, são  88 pistas, 31 azuis, 22 são vermelhas e 25 são pretas. Contudo, uma escola de esqui renomada fica em St. Moritz e, para incentivar a ida de famílias, existem pacotes de lifts que dão desconto para famílias – consulte o site para se atualizar dos valores  . E, por último, o aluguel ou compra de equipamentos fica em lojas no centro da cidade. 

 

“A FAMA TEM ASAS”, OU MELHOR, ESQUIS

St. Moritz é um lugar cosmopolita e especialmente conhecido por seu aspecto fino e elegante, já frequentado por figuras como Charles Chaplin, Brigitte Bardot, Alfred Hitchcock, Vladimir Lênin, entre outros. Como a sofisticação de alto nível se combina com esportes radicais, há espaço para a democracia e preços mais acessíveis, se assim desejar, mas talvez o interessante de estar em St Moritz seja desfrutar do sublime. Poder apreciar pelo menos um de seus 7 restaurantes com estrelas Michelin, como o Ecco St. Moritz, do chef Rolf Fliegen, o que custaria, no mínimo USD  233,8.  Aliás, há muitos restaurantes nas montanhas para um pitstop ou, simplesmente, para aproveitar a vista. Sobre os pratos em si, desfrute dos mais diferentes, aprecie a cozinha local: Capuns, maluns, pizzoccheri, planície em pigna. 

Além disso, se hospedar em um dos muitos hotéis cinco estrelas também faz parte de uma experiência completa, como o Badrutt’s Palace Hotel, associado ao Leading Hotels of the World, também considerado um dos hotéis históricos da Europa, Historic Hotels of Europe, e premiado pelo Swiss Solar Award em 2011. Se hospedar ou, pelo menos, desfrutar de algum de seus centros de tratamento corporal, uma vez que ST. Moritz é também muito valorizado por seus SPAs. 

 Há duas curiosidades bem interessantes que têm lugar em St Moritz. A primeira diz respeito a um fenômeno que acontece assim que a temperatura atinge certo grau e então o ar parece que está cintilando  – os locais chamam esse evento de clima de Champagne. A segunda curiosidade, celebrada no Museu de Segantini, é o fato do pintor italiano Giovanni Segantini ter passado os últimos anos da sua vida na vizinha Schafberg e perto de Bergel. Em sua homenagem, o arquiteto Nicolaus Hartmann construiu um prédio onde suas obras estão expostas, obras que representam o famoso tríptico alpino “Natureza – Vida – Morte” . O museu está localizado na entrada da vila e está aberto  de terça a domingo das 11h às 17h.  Aliás, além do museu são ao todo 29 galerias de arte!.

 

FRONTEIRIÇO: ACESSE ST.MORITZ POR CINCO PAÍSES DISTINTOS

Berel, onde ficou Segantini, fica a mais ou menos 1hr de St Moritz, na Itália! Um dos fatos que torna St Moritz tão internacional é o fato de ser próximo também da Áustria, Alemanha e Liechestein. Mas considerando que você está partindo da própria Suíça, nossa sugestão é que pegue o trem Bernina Express, saindo de Zurich com destino a St Moritz. São 4h30 aproximadamente de uma travessia que passa pela curva de Montebello, dá vista para a Cordilheira Bernina, os três lagos de Lej Pitschen, Lej Nair e Lago Bianco, entre outras paisagens que fazem desse trajeto um Patrimônio da Unesco.  

A outra opção, saindo de Zermatt , é o Glacier Express, que dura 8 horas, translados saindo de Zurique com duração de 2 horas ou aviões particulares, uma vez que a região de St Moritz tem seu próprio aeroporto.  Confira informações sobre o trem no site.

 

SAAS-FEE

Crianças esquiando na região mais família dos alpes suíços

Crianças esquiando na região mais familiar dos alpes suíços. Foto: Reprodução/Pascal Gertschen

 

Apenas 1.607 pessoas têm o privilégio de morar no Vale de Saas, acordar e se ver rodeado, e de certa forma abraçado, pela beleza das suas 18 montanhas com mais de 4.000 metros. E do seu centro bucólico, contemplar a partida de pessoas de todas as idades em busca de aventuras, e que depois retornam para descansar e, por quê não, se agradar com spas e delícias gastronômicas. 

A “Pérola dos Alpes”, epíteto pelo qual é conhecida a região , confina com as comunas de Randa, Saas-Almagell, Saas-Balen, Saas-Grund, Sankt Niklaus, Täsch. Sua região destina apenas um pouco mais de 1% da sua área para prédios e estradas, enquanto o restante é partilhado entre a agricultura, florestas e, principalmente, entre terrenos improdutivos. Eventualmente, você poderá até cruzar com fazendeiros antigos, observar a ‘pacatês idílica’ e sentir que está mesmo na Suíça, até pela ausência do barulho de carros, o que torna tudo ainda mais interessante. 

 

METRÔ ALPINO TE CONECTA AOS VILAREJOS VIZINHOS

Em contraste ao remanso do vilarejo – e até mesmo para conservá-lo,  embaixo da terra funciona o Metrô Alpino que conecta as diferentes regiões vizinhas, regiões das quais é possível realizar atividades para todos os gostos, gastronômicos, aventurosos e culturais e para todas as idades.  Aliás, a região de Saas-Fee é considerada, especialmente, familiar, por isso, se o plano for ir com os baixinhos, talvez essa seja a melhor opção! 

Esses vilarejos constituem ao todo 350 quilômetros de trilhas temáticas, dos quais 150 quilômetros sempre estão com neve, e ainda 20 quilômetros de caminhada, alguns quilômetros de tobogãs, a possibilidade de escalar Alphubel com Saas Fee Guides entre outras atividades a serem aproveitados tanto pelos mais velhos quanto pelos pequenos aventureiros. Inclusive, para poder aproveitar ao máximo este complexo, compre um Adrenalin Pass, e assim, combine – livremente – essas atividades esportivas com atividades menos extenuantes. 

Entre os programas mais tranquilos é possível contemplar a Mattmark, uma represa natural que compõe a paisagem, o estrondoso Riacho Fel , ou visitar o Pavilhão de gelo Allalin no interior da geleira milenar, área onde o gelo é perpétuo. E, ainda próximo à geleira, conhecer  o maior restaurante giratório do mundo, o Drehrestaurant Allallin, com uma vista que, a depender do clima, te permite ver até Milão! O custo do restaurante é mediano, não deixe de visitar.

 

SOBRETUDO, O ESQUI

Saas-Fee, Saas-Grund, Saas-Almagell e  Saas-Balen compoe a área de esqui da região e isso configura 30 quilômetros de pista azul, 45 quilômetros de pista vermelha e 25 quilômetros de pista preta, ou seja, não há pista verde (iniciantes) mas ainda sim dá para se divertir! Se bater a insegurança, é possível se inscrever na Eskimo Ski School que, por sua vez,  oferece aulas para aqueles que querem aprender ou se aperfeiçoar na modalidade. 

 E assim que estiver pronto, você poderá circular entre os 22 teleféricos da região e, para tanto, compre um Saas-Fee pass e aproveite, repetidamente – se assim desejar-, as pistas. Neste site é possível se informar sobre os detalhes do passe e ainda comprá-lo,  de acordo com o número de dias desejados por um mínimo de US$ 65,7 para adultos, por 2 dias. Crianças de até cinco anos não precisam pagar, enquanto crianças de oito também tem gratuidade na compra dos pais. 

Pensando no bem-estar em família, uma sugestão na hora de escolher a hospedagem, é que ela ofereça serviços de baby sitter (normalmente por meio de uma sobretaxa). Como é o caso do hotel Capra Saas-Fee Hotel, um dos hotéis cinco estrelas da região, associado ao Preferred Hotels & Resorts  e que oferece serviços de primeira para seus hóspedes para que se sintam totalmente confortados. Isso inclui também café da manhã , passes de esqui, traslado grátis até as pistas de esqui, prática de snowboard no local, entre outros. 

Entre as experiências sofisticadas, há o restaurante Michelin Arvu-Stuba, com pratos a partir de US$ 40. Tire uma noite para se sentar à mesa desse restaurante aconchegante e rústico e eleve o nível gastronômico da viagem. Essa experiência e a do restaurante panorâmico, antes mencionado, são duas combinações para serem lembradas! De qualquer maneira, há outros restaurantes excelentes como o dü Saas-Fee. 

E como se faz para chegar até Saas-Fee. As opções de rotas incluem trem, ônibus ou carro que partem de Genève, Zürich, Basel ou Milan em direção a Visp ou Brig -onde existe um estacionamento especial para quem chega de carro. De meia e meia hora saem ônibus de Visp ou Brig em direção ao vilarejo de Saas-Fee (linha 551) que, por sua vez, não permite a circulação de carros, apenas carros elétricos.