Por Carolina Varella

Para quem vê Barcelona de cima de seus mirantes, como Tibidabo, vê quarteirões perfeitamente simétricos e uma avenida que corta, estrategicamente, a cidade inteira. E fica até difícil de imaginar a excentricidade que mora ali embaixo.

A verdade é que existe uma densidade cultural tão grande nessa cidade que, uma vez que se adentra, a sensação é de que há sempre muito para conhecer. Desde os renomados espaços da cidade até aqueles mais desconhecidos, que por vezes se escondem atrás de portas pichadas e que guardam uma experiência incrível.

O caos organizado de Barcelona combina o poder de uma cidade completamente planejada com uma autenticidade local. Capaz de unir pessoas do mundo inteiro, lotar lugares de segunda a segunda, e de ter quase todas as portas grafitadas em uma manifestação ímpar de resistência social. Dá para dizer que Barcelona é uma espécie de caos organizado, e que ainda foi abençoado por um azul-mediterrâneo-lindo que percorre toda sua costa.

ARQUITETURA DA ‘DISCÓRDIA’

Não é à toa que os dois estilos arquitetônicos mais predominantes da cidade se divergem, o gótico e o moderno. Enquanto o gótico marca a cidade com linhas retas, o moderno evita as linhas retas. Para o moderno, é importante a representação fiel ao que é natural – fato a ser contemplado na construção dos elementos mais icônicos da cidade como o Parc Guell, a Sagrada Família, o ‘quarteirão da discórdia’, que, por sua vez, foram criados por grandes nomes do modernismo como Antoni Gaudí, Montaner, Cadafalch’.

 

FRENESI BARCELONÊS PELAS RUAS, RUELAS E RAMBLAS

Em uma visita ao centro histórico de Barcelona, onde tudo começou, você consegue entender que Barcelona é feita de gente; são as pessoas que trazem a ‘uniquez’ de cada lugar, pra além da arquitetura. Às vezes de um jeito sutil às vezes explícito.

El Raval é o barulho de quem vai de lá pra cá entre suas vielas e dos rostos que expressam diversidade; enquanto Gótico e Born são as pernas cruzadas em mesas de restaurante ou pernas que se demoram pelas lojas sofisticadas. Ainda que os três bairros sejam atravessados por um passado muito interessante. El Barceloneta é a versão a beira mar, o toque final.

Outro bairro de Barcelona bastante visitado é Gràcia, antigo vilarejo catalão que foi anexado a Barcelona há pouco tempo e ainda conserva os aspectos belíssimos de sua história catalã, e é marcado pela boemia, o papo político e eventos organizados pelos próprios moradores ao longo do ano.

E a partir desse desconexo harmônico cria-se uma cidade única e latente. Confluída por praças lindas, como a da Espanha e da Catalunya, que representam o nervo central da cidade, e de parques como o Parc de La Ciutadella, para uma pausa do agito. E claro, muitos restaurantes, bares, baladas, lojas de todos os tipos e tamanhos que impulsionam ainda mais o frenesi barcelonês.